por Profa. Jócelia Gurgel.

Em meio ao processo de preparação para os trabalhos que serão apresentados na II Semana de Linguagens do Campus Apodi, tivemos o privilégio de conhecermos um pouco mais acerca da nossa cultura, como também, de refletirmos sobre a construção da nossa própria identidade enquanto ser (tão) nordestino que somos. Nessa empreitada, convidamos para um diálogo a escritora cearense Rachel de Queiroz, que soube como ninguém socializar através de suas obras, as enriquecedoras experiências que obteve no sertão nordestino, mais especificamente, no interior do Ceará.

Turma com Rachel Queiroz

Essa “Sertaneja da Gema” como gostava de ser considerada relata com grande maestria suas vivências no universo sertanejo, espaço com o qual sempre fez questão de conviver, mesmo viajando muito e vivendo em grandes capitais brasileiras, o “Não me deixes” (Fazenda de propriedade da escritora localizada na cidade de Quixadá, interior do Ceará), sempre acompanhou Rachel de Queiroz. A cada diálogo que travávamos com a obra dessa autora, seja através das crônicas ou do romance O Quinze, tínhamos o privilégio de sentirmos a própria essência do que é o Sertão ou do que é Ser nordestino.

Assim como nós, Rachel questionava-se: “que é que nos prenderá nessa secura e nesta rusticidade?” ou “Por que tanto carinho e amor por estas terras tão ásperas?” Ao que prontamente responde: “Não sei. Mistério é assim: está aí e ninguém sabe. Talvez a gente se sinta mais pura, mais nua, mais lavada. E depois a gente sonha”. Assim, Rachel de Queiroz ia aos poucos nos desvendando um sertão nordestino cheio de beleza que muitas vezes passa desapercebido por nós.

Não me deixes

Numa terra em que temos tão pouco e até esse pouco é chorado, a escritora nos revela que aí reside o mistério. Em meio às dificuldades, somos uma gente que tem a capacidade de sonhar, de não desanimar jamais, de na simplicidade encontrar o belo; nas marcas encravadas na feição do homem nordestino percebemos a bravura e a resistência de um povo, na simplicidade de um sorriso a humildade de nossa gente que mesmo não tendo “celeiros nem gordos rebanhos; só o parco feijão e as mãos de milho seco para virar o ano” é feliz. Rachel nos convida a irmos além da superficialidade da secura e da rusticidade, nos leva a compreender que somos e temos muito mais, nos leva a desvendar a essência escassa e a desprezar o supérfluo que boia na abundância, e isso só é possível a quem é Ser(tão) nordestino.

Depois de vivenciar toda essa experiência, vocês são convidados a socializarem aspectos marcantes da visita ao universo sertanejo que serviu de inspiração para a produção literária de Rachel de Queiroz. Sugiro que vocês relatem um pouco desse aprendizado e fiquem à vontade para postarem fotos dos momentos compartilhados.

Relatos de um diálogo com uma “Sertaneja da Gema”
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2 opiniões sobre “Relatos de um diálogo com uma “Sertaneja da Gema”

  • A identidade nordestina é de fundamental valor cultural para o Brasil, mas mesmo assim não é vista com profundidade pelas pessoas e acaba passando como algo superficial, no entanto, o contato com o mundo sertanejo mostra a rica realidade do interior, com um povo acolhedor, expressões únicas e o sentimento de “pertencer” que só o nordestino sabe como é. Por isso, é importante o estudo e a discussão dessa temática e a propagação de discursos como o de Rachel de Queiroz, que mostra na luta do homem sertanejo os seus valores e faz com que vejamos o sertão além do sol e da secura.

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