No estudo do gênero literário cordel, os alunos da turma do primeiro ano de Informática (sob a minha orientação), discutiram sobre a presença do cordel, um gênero de cunho popular, no universo tecnológico. A partir disso, estudou-se a peleja virtual, uma modalidade em que dois personagens, utilizando das ferramentas tecnológicas, disputam entre versos, o que será apresentado nos próximos dias aqui, nos comentários desta publicação.
Convido a todos a acompanharem essa peleja,
que nunca se viu igual,
representando os personagens nordestinos,
vai ser muito legal!
Quem você acha que vence esse duelo?
“O embate milenar entre Maria Pirgulina e Vicentão”
Olá, senhor Vicente
o vulgo “Vicentão”
Hoje venho neste meio
Pra provocar discussão
Te prepare pro esperneio
Vou te dar tanto aperreio
Que cê vai beijar o chão
Senhora Pirgulina
Proposta que me é feita
Pra mim já é vencida
Sou homi mole não
Em versos vou dizer
Responder com prazer
E sem perder a educação
Você já tá é se amostrano,
E vem me falar de educação.
Nem rimar sabe direito
E tá se achando o “bixão”.
A mim tu deve respeito,
Se não eu lhe endireito
Faço que nem cavalo do cão
Fala mal da minha rima
Acho difícil fazer melhor
Sou Vicentão cabra da peste
Da senhorita só sinto dó
Represento bem o nordeste
Duvido que alguém conteste
O valor do meu suor
Pelo menos pense melhor…
pra que serve esse título de macho?
quem seria o grande lampião
sem Maria Bonita em seu encalço?
Eu serei sempre uma guerreira,
tenho esses olhos com olheiras
e nunca tremerei perante o “palco”
Aqui eu luto todo dia
Pra minha vida mudar
Diferente da senhorita
Não posso reclamar
Com a enxada na mão
E o sol quente de rachar
Tento minha vida melhorar
Você é um matuto
num conhece minhas proeza
do serviço de casa
às lições da rezadeira,
o que um homem faz
sem uma muié atrás
pra botar o cumê na mesa?
Sou matuto realmente
Esse é o meu jeito
Sou um trabalhador
Você me deve respeito
Sou um homem sofredor
Faço tudo com amor
E trago isso no peito
Eu sou mulher de vera
não das de televisão
que só ficam cozinhando
à procura duma paixão
Fico é trabaiando
dando duro e ralando
sem fim no meu sertão
Sei que tu é a cozinheira
Mas se eu não for plantar
Não tem um feijão na mesa
Nem adianta contestar
Eu que tenho as despesas
Ainda caço as presas
Pra nois comer no jantar
Tempo demais já gastamos
Disputando e debatendo
Percebo que tu, “bichão”
Ainda tá nem entendendo
Não dependo de varão
O sertão é minha paixão
E por ele vou vivendo.
Numa coisa concordamos
Já fizemos muitos versos
Usamos muitos argumentos
Nesse embate controverso
Porém tenho um acalento
Por saber que meu talento
É uma marca no universo.